quarta-feira, 23 de março de 2016

GUERRA NUCLEAR?

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“PREPAREM-SE PARA A GUERRA” (GLOBAL, 
QUIÇÁ NUCLEAR)

A grande mídia ocidental vem sistematicamente sonegando de seu público qualquer informação ou análise a respeito dos riscos, reais e crescentes, de guerra global, algo que poderá facilmente escalar para uma guerra nuclear devastadora do planeta; George Friedman, fundador e presidente da STRATFOR, a maior dentre as empresas de consultoria dos EUA voltadas à prospecção e levantamento de tendências (inteligência) da geopolítica mundial, vem em entrevista divulgar a público aquilo que, há muito tempo, empresas vêm informando a seus seletos (e poderosos) clientes

Publicado no Business Insider
 battle of waterloo
A symbol of things to come?Historical re-enactors take part in the second part of a large scale re-enactment of the battle of Waterloo, to mark it's bicentenary on June 20, 2015 in Waterloo, Belgium.
Tradução comentada por Ruben Bauer Naveira
Introdução ao artigo, pelo tradutor: a grande mídia ocidental vem sistematicamente sonegando de seu público qualquer informação ou análise a respeito dos riscos, reais e crescentes, de guerra global, algo que poderá facilmente escalar para uma guerra nuclear devastadora do planeta. O motivo, ainda que injustificável, é entendível: as populações do Ocidente precisam ser mantidas ignorantes quanto ao fato de que os alimentadores desse risco são justamente os governos dos seus países. Não obstante, o risco está se tornando tão evidente que começam a espocar aqui e ali as primeiras matérias a respeito. A STRATFOR é maior dentre as empresas de consultoria dos Estados Unidos voltadas à prospecção e levantamento de tendências (inteligência) da geopolítica mundial, e George Friedman, seu fundador e presidente por vinte anos, veio nessa entrevista divulgar a público (ainda que parcialmente, é óbvio) aquilo que, há muito tempo, empresas como a STRATFOR vêm informando a seus seletos (e poderosos) clientes por meio de seus relatórios reservados, contratados a peso de ouro.
Felizmente, a guerra entre países é uma ocorrência rara nos dias atuais.
Já a guerra de grupos subnacionais contra governos acontece com frequência, como vem atualmente ocorrendo na Síria, no Leste da Ucrânia [N. do T.: como seria de se esperar, o redator da matéria convenientemente não vê a Ucrânia inteira como vítima desse processo] e em inúmeros outros lugares.
Seria preciso retornar à invasão, pelos Estados Unidos, do Iraque de Saddam Hussein em 2003, ou ao conflito entre a Eritréia e a Etiópia ao final da década de 1990, para exemplos de duas nações lutando uma guerra terrestre em escala total uma contra a outra.
As duas guerras mundiais foram a prova catastrófica da instabilidade inerente de um sistema internacional que levava a conflitos frequentes entre nações e que considerava a guerra como uma opção legítima de política externa, ao invés de um último recurso em absoluto.
Desde a Segunda Guerra Mundial, a maior parte dos sistemas políticos e legais mundiais foi construída para evitar que os países fossem à guerra uns contra os outros – com um evidente e impressionante recorde de sucesso [N. do T.: “sucesso”, só se for para os países ocidentais que não mais padeceram guerras em seus territórios desde então, algo que obviamente não se aplicou a um sem-número de países hoje eufemisticamente denominados como “em desenvolvimento”].
Mas, poderia isso mudar? No mês passado, Business Insider esteve com George Friedman, fundador da Geopolitical Futures, o único lugar onde é possível ler o último trabalho original de Friedman. Friedman é também o autor de “Os Próximos 100 Anos” bem como fundador da STRATFOR, a influente firma de previsões geopolíticas.
Ele alertou que a guerra destruidora entre países já foi uma característica recorrente da política global, e disse que poderia haver um ressurgimento disso.
Friedman assinalou que houve períodos anteriores a guerras em que os observadores internacionais acabaram por se iludir em acreditar que os países não iriam mais à guerra.
"Entre 1815 e 1871 não houve nenhuma guerra substancial entre países na Europa”, disse Friedman. “Aí veio a Primeira Guerra Mundial, uma tremenda”.
Friedman alertou que, na era moderna, todos os períodos de paz foram obtidos de forma forçadamente calculista. “Jamais ocorreu um século em que não tivesse havido alguma guerra sistêmica – por guerra sistêmica, entenda-se um evento em que todo o sistema entra em convulsão”, prosseguiu Fiedman, citando a Guerra dos Sete Anos, as guerras napoleônicas e as duas guerras mundiais. “Você vai querer apostar que este século vai ser o único que não vai ter uma guerra sistêmica? Eu aposto contra você”.
A análise de Friedman assume que qualquer sistema internacional, seja a aliança de forças conservadoras na Europa que manteve a paz após as guerras napoleônicas ou a ordem mundial liderada pelos Estados Unidos a partir do fim da Guerra Fria [N. do T.: para bom entendedor, meia palavra basta...] contém, inerentemente, vulnerabilidades fatais. No seu modo de pensar, o atual[N. do T.: de novo!] sistema internacional contém as sementes da sua própria destruição.
No mínimo, a ordem mundial vigente leva a crises que o próprio sistema é incapaz de resolver [N. do T.: isso é eufemismo para “guerra à vista”].
Friedman acredita que o declínio de certas potências globais poderia justamente criar uma crise dessa natureza.
“Se você tomar o declínio de países como Alemanha, China e Rússia [N. do T.: convenientemente, não é incluído nessa lista o próprio país], que são substituídos por outros, é quando eclodem as guerras sistêmicas”, explica Friedman. “É quando tudo se torna perigoso, porque eles ainda não alcançaram um equilíbrio. Assim, a Alemanha foi unificada em 1871, e em seguida foi o inferno. O Japão ascendeu no início do século vinte, e então veio aquele caos. Enfim, nós estamos agora diante de mais uma virada sistêmica. Preparem-se para a guerra”.
Segue abaixo a íntegra da resposta de Friedman (que foi editada em função de tamanho e de clareza) quando perguntado acerca da possibilidade de um retorno da guerra entre nações:
Business Insider: Nos dias de hoje é relativamente raro que nações vão à guerra uma contra a outra. Você vê isso mudando? Você vê a guerra entre países fazendo um regresso?
George Friedman: Entre 1815 e 1871 não houve nenhuma guerra substancial entre países na Europa. Aí veio a Primeira Guerra Mundial, uma tremenda.
Eu vou lhe fornecer uma outra estatística. Jamais ocorreu um século em que não tivesse havido alguma guerra sistêmica – por guerra sistêmica, entenda-se um evento em que todo o sistema entra em convulsão. Da Guerra dos Sete Anos na Europa às guerras napoleônicas no século dezenove às duas guerras mundiais, todo século teve a sua.
Você vai querer apostar que este século vai ser o único que não vai ter uma guerra sistêmica? Eu aposto contra você…
Se você tomar o declínio de países como Alemanha, China e Rússia, que são substituídos por outros, é quando eclodem as guerras sistêmicas. É quando tudo se torna perigoso, porque eles ainda não alcançaram um equilíbrio. Assim, a Alemanha foi unificada em 1871, e em seguida foi o inferno. O Japão ascendeu no início do século vinte, e então veio aquele caos. Enfim, nós estamos agora diante de mais uma virada sistêmica. Preparem-se para a guerra.
Business Insider: Alguma previsão sobre aonde essa guerra poderia estourar?
George Friedman: Bem, as mais prováveis nações emergentes são o Japão, a Turquia e a Polônia. Então, eu mencionaria Europa Oriental [N. do. T.: eufemismo para guerra dos Estados Unidos contra a Rússia a partir da Polônia], o Oriente Médio [N. do. T.: eufemismo para guerra dos Estados Unidos contra a Rússia a partir da Turquia] e uma guerra naval pelo Japão [N. do T.: eufemismo para guerra dos Estados Unidos contra a China a partir do Japão], com os Estados Unidos tirando proveito da situação para agir como melhor lhes aprouver [N. do T.: não há limites para o cinismo].
Mas, toda vez que novas potências emergem elas têm que encontrar o seu equilíbrio [N. do T.: desde que não haja uma guerra nuclear, porque aí não sobra nenhuma. Por razões óbvias, o entrevistado não poderia falar sobre isso e, se falasse, mentiria]. Novas potências estão emergindo, velhas potências estão declinando. Não é esse processo o que é perigoso, é a atitude dos emergentes que é perigosa [N. do T.: só a dos emergentes? E não a atitude do principal dentre os decadentes? Bem, o entrevistado e seu público são americanos].
*****
Conclusão do tradutor: Empresas como a STRATFOR obtêm seus lucros a partir de informações sensíveis desse tipo. Por que razão então estaria sendo tornada pública uma informação tão valiosa como o risco de guerra global iminente? Pode-se supor que, para o público que compra (caro) os relatórios reservados de empresas como a STRATFOR, ou seja, para a elite americana (o chamado “um por cento”), essa informação já não represente mais novidade nenhuma. Uma vez que a guerra global virá mais cedo ou mais tarde (a esse respeito, ver este outro artigo), George Friedman entendeu que já era hora de anunciá-la para um universo um pouco maior, ainda que focado (Business Insider é uma publicação voltada a investidores em mercados de risco). E ninguém com mais credibilidade e respeitabilidade para fazer esse anúncio do que Friedman, fundador da STRATFOR e seu presidente por vinte anos – naturalmente que ele tomou os devidos cuidados de transferir a responsabilidade pela hecatombe para os inimigos (Rússia, China) e para os aliados candidatos ao papel de “buchas-de-canhão” (Turquia, Polônia, Japão).
Os relatórios reservados que, há muito mais tempo, foram lidos pelas elites do “um por cento” certamente continham muito mais informação. E, certamente, abordaram de forma muito mais franca e profunda a perspectiva da guerra vir a se tornar nuclear e as consequências disso (algo que, convenhamos, Friedman não teria como abordar de público, sob pena de espalhar o pânico).
Fato é que já se constituiu um crescente e lucrativo mercado de nicho de construção de abrigos atômicos de luxo, em regiões remotas de países como Argentina ou Canadá. Também é fato que a indústria farmacêutica começa a produzir medicamentos de ponta para tratar os efeitos da exposição à radioatividade. Alô, comandantes das forças armadas brasileiras, para ONDE vocês acham que essa gente vai se mudar, depois que o país deles tiver sido reduzido a cinzas?
É claro que é horrendo e aterrorizante falar sobre o fim do mundo, assim peço desculpas por fazê-lo. Só que não há outra alternativa, a não ser aquela do avestruz.

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