quinta-feira, 27 de junho de 2013

Uma reflexão que ajuda nos esforços cognitivos acerca do atual momento brasileiro.

Crise de representatividade 

DAIANA KMIECIK* 

 

Pode-se falar atualmente em descrença diante das ações dos agentes políticos que ocupam as diversas instâncias do Estado. Esta condição leva estudiosos a pesquisa acerca de uma crise de representatividade. Representa-se um grupo, um povo, uma multidão, uma sociedade, uma nação pautado em princípios como responsabilidade, conhecimento de causa e formação qualificada para funções próprias do sistema democrático.

Segundo esses estudos, existe uma desconfiança da sociedade em relação aos atores políticos (presidente, governadores, prefeitos, vereadores, senadores, deputados), isso por conta da não-eficácia de suas atividades executivas e parlamentares, que intermedia os interesses sociais junto ao Estado. Essa crise afeta os partidos políticos que se constituem em instituições que representam uma ideologia, uma concepção de Estado, uma proposta de governar o Estado, a prefeitura, e/ou mesmo uma forma de legislar, fiscalizar, que é a tarefa do Legislativo (vereadores, deputados e senadores). Segundo Boaventura de Souza Santos, os eleitores se sentem “cada vez menos representados por aqueles que elegeram”.

Paralelamente a essa crise de representatividade, entendemos que ocorre cada vez mais a diminuição da legitimidade de autoridades, de representantes. A vontade popular fica sem saber a quem recorrer quando reconhece no poder estatal um espaço elitista, em que se defendem interesses privados e econômicos.

Portanto, para Hannah Arendt, a dominação política moderna, ou, então, a crise da representatividade encontra-se no nascimento do Estado-nação, onde se fecham os espaços de liberdade dos cidadãos, de agir conforme a pluralidade. Aparecendo novos comportamentos, segundo normas técnicas, que visam ao poder econômico com a maximização da produção e do trabalho. Isola-se a política entre os homens, assim ocorre a despolitização da sociedade, caracterizada como o não-envolvimento com o que se refere à discussão política da sociedade atual.

Ainda nesta discussão acerca da crítica da crise de representatividade, a busca de explicações à apatia e à indiferença política, Zigmunt Bauman fala em sua obra “Em Busca da Política” de uma impotência política em não se conseguir chegar onde se quer, e ao mesmo tempo prezar tanto pela liberdade individual. É a falta de seguridade, de garantia do homem moderno.

Ocorre que, para se pensar o fim de uma crise de representatividade, deveria haver a repolitização da sociedade, por meio de reivindicações populares, como as que estão sendo feitas pelos movimentos sociais que têm se destacado nas diversas manifestações das necessidades sociais, uma cultura política mais participativa. Isso cria novos espaços públicos de discussão e ação política.
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* Socióloga -12/01/2010
Fonte: http://hannaharendt.wordpress.com/2010/01/12/crise-de-representatividade/

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