quarta-feira, 19 de junho de 2013

A difícil questão religiosa na União Europeia contada pelas cruzes e auréolas da nova moeda dedicada a Cirilo e Metódio

http://www.snpcultura.org/fotografias/eslovaquia_brasao_armas_20130618.jpg
Brasão de armas da Eslováquia
Nunca terá passado pela cabeça de Cirilo e Metódio que mais de mil após a sua morte haveriam de estar no centro de uma disputa reveladora dos problemas que as religiões, e em particular o Cristianismo, causam no Velho Continente. 

Em 2012 a Eslováquia decidiu comemorar os 1150 anos da chegada dos dois santos ao seu território com a cunhagem de uma moeda, desenhada por um artista local.

O problema começou quando a Comissão Europeia torceu o nariz ao desenho da face nacional da moeda - a outra é comum em todos os estados membros. A reprovação foi seguida por vários países membros.

De acordo com as regras da União Europeia (UE), a que a Eslováquia pertence desde 2009, os estados membros devem ter em consideração que as moedas circulam por 27 países - mais um no próximo mês, com a entrada da Croácia.

Por isso, quando emitem moedas comemorativas - possibilidade concedida aos estados da UE uma vez por ano - os países devem submeter o desenho a representantes de outras nações.

As cruzes estão presentes em moedas de vários países. A própria bandeira nacional da Eslováquia, por exemplo, inclui uma cruz de dois braços no topo de um conjunto formado por três montanhas, desenho que se encontra nas moedas de um euro.

Não foi a cruz de dois braços ao centro das imagens de Metódio e Cirilo que causou problemas. A dificuldade consistiu nas auréolas sobre as cabeças dos santos, assim como nas cruzes que ornamentam a estola de um deles.

A divisão sobre os símbolos cristãos de Cirilo e Metódio é vista por alguns analistas como mais um sinal da perturbação que as questões religiosas causam na Europa.

«Posso assegurar-vos que a Comissão [Europeia] não é o Anticristo, afirmou ao jornal "New York Times" a responsável da UE pelo diálogo entre grupos laicos e religiosos.

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 Projeto da nova moeda após as críticas

Katharina von Schnurbein negou que Bruxelas tenha uma agenda ateia: «A União Europeia é muitas vezes vista como se procurasse banir toda a fé, mas não é assim. Relacionamo-nos com pessoas que creem e com pessoas que não creem».

A França também se opôs porque atribui grande importância à separação entre Igreja Estado, enquanto a Grécia considera que os monges bizantinos pertencem exclusivamente à sua herança.

No fim de 2012 várias notícias indicavam que o banco central da Eslováquia tinha cedido às pressões, eliminando os símbolos da discórdia (ver imagem). Hoje soube-se que, afinal, o projeto inicial vai para a frente sem alterações. Cirilo e Metódio vão ser moeda de troca a partir de julho, com dois meses de atraso em relação ao previsto.

«Há um movimento na União Europeia que quer a neutralidade religiosa total e não aceita as nossas tradições cristãs», disse ao jornal nova-iorquino D. Stanislav Zvolensky, arcebispo de Bratislava, capital da Eslováquia.

Num continente dividido por muitos idiomas, além de grandes diferenças culturais e económicas, o prelado defendeu que os séculos de cristianismo oferecem um raro elemento partilhado por todos os países.

Os irmãos Cirilo e Metódio, nasceram em Tessalónica, atual Grécia, no início do século IX. Do alfabeto glagolítico, por eles criado com o objetivo de traduzir a Bíblia e outros textos para os povos eslavos, deriva o alfabeto cirílico, hoje utilizado em países como a Rússia e a Bulgária, sendo este o único estado da UE a usá-lo.

A Igreja católica evoca a 14 de fevereiro os dois santos que o beato papa João Paulo II declarou em 1980 padroeiros da Europa.
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Nova moeda eslovaca comemorativa dos santos Cirilo e Metódio (versão definitiva)
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Fonte:  http://www.snpcultura.org/dificil_questao_religiosa_uniao_europeia_contada_pelas_cruzes_e_aureolas_nova_moeda.html

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