terça-feira, 23 de outubro de 2012

A crise que os fará fraternos!

Henrique Joaquim*

 

Estas devem ser as cinco letras mais escritas e mais lidas nos últimos tempos. E a palavra mais dita e a mais ouvida. De certeza também a cada vez mais sentida.

Aqui chegados como fazer? Como viver? Se tudo à nossa volta parece contrário e desesperante Será que vale a pena? Valer a pena continuar a lutar? Vale a pena continuar a sair de casa?

Disseram-nos um dia que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena!” Hoje mais que nunca é tempo de mostrar qual é a nossa alma individual e coletiva.

É indiscutível e indisfarçável o crescente e assustador número de pessoas a viver reais situações de carência social, económica e até afetiva. É cada vez mais real que como país vivemos um contexto sociopolítico instável onde tudo parece contribuir para o agudizar de uma situação já de si muito grave. Já todos melhor ou pior sabemos que de facto o momento é crítico e por isso gostaria de aproveitar o tempo e o espaço para uma mensagem diferente. Valerá sempre a pena recordar o passado mas o que podemos mudar é o nosso futuro.

Assim sendo, diria que quanto maior e mais grave a situação, mais realce ganha a necessidade de nos encontrarmos connosco mesmos através daqueles hoje se encontram em situações de vida difíceis ou mesmo indignas. É hora de nos perguntarmos o que somos e o que queremos ser. Ficar quietos à espera que a tempestade passe ou a abrir o coração e arregaçar mangas dando-nos para que outros possam continuar a ser pessoas?

Construímos uma cultura com maior liberdade e mais justiça mas parece ser visível agora que apesar de muitos mecanismos de solidariedade, é fundamental redescobrir e reforçar a nossa dimensão de fraternidade. É hora de, sem medos nem reservas, colocarmos ao serviço dos outros a nossa gratuidade mas acima de tudo é hora de aprofundarmos e libertarmos a bondade intrínseca que nos constitui e que nos permite encontrar a força e o alento em cada circunstância.

Felizmente são inúmeros os exemplos de pessoas, individuais e coletivas que continuam a Crer, a Reagir, a Insistir e a lutar, e a Solidariamente alimentar a verdadeira Esperança dando um sentido totalmente diferente à palavra através de uma dimensão que talvez pareça perdida – a fraternidade!

Ser fraternos poderá não ser a única solução mas é um caminho que nos permitirá crescer e ajudar a viver. É um caminho que supõe a capacidade de nos desapropriarmos de nós mesmos mas em função de um bem maior que é a vida digna a que todos temos direito pelo simples e importante facto de sermos pessoas.

Como nos diz o Papa Bento XVI “A mudança virá daqueles que queiram viver uma humildade resoluta e uma bondade disponível para o serviço”. Por isso não é hora de medos e de desistências. É tempo de acreditar que Deus de facto fará sempre o impossível e que nos cabe fazer o possível ainda que este possa ser difícil!
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* Henrique Joaquim, presidente da direção da Comunidade Vida e Paz
Fonte: Site de Portugual: http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=92957
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