segunda-feira, 16 de julho de 2012

Capitalismo para os descrentes

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Novos livros de Allan Meltzer e Luigi Zingales trazem análises positivas do sistema que ficou sob ataque durante os protestos de 2011

A crise financeira levou algumas pessoas a questionar a viabilidade do sistema econômico americano. O apelo do socialismo perdeu a força na Rússia e na China, e de certo modo em outros países que eram seus porta-estandartes, como Índia e Cuba. Mas o capitalismo ao estilo americano não tem tido descanso também. Mercados financeiros em colapso, resgates de bancos e altos níveis de desemprego incrementaram a sensação de mal estar sobre um sistema que é baseado na propriedade privada de recursos.
Why Capitalism? (“Por que o capitalismo?”), de Allan Meltzer, professor de economia da Universidade Carnegie Mellon em Pittsburgh, é uma resposta estendida a alguma das perguntas que ele recebeu recentemente. A mais desafiadora veio de uma mulher da Alemanha que se perguntou, após ler o New York Times, se o sistema que derrotou o comunismo estava colapsando apenas duas décadas após a queda do Muro de Berlim.
A defesa central do capitalismo, argumental Metlzer, é que este é o único sistema que leva à liberdade e ao crescimento econômico. Tal sistema é menos eficaz na promoção da virtude ou da estabilidade; a falha é uma parte inerente. Com efeito, a observação do autor de que “o capitalismo sem falhas é como a religião sem pecados: não funciona realmente”, já circulou por muitos lugares. Contudo, os pecados atribuídos ao capitalismo – corrupção, fraudes e ganância, para citar apenas três – não só são generalizados em sistemas em que o estado controla a produção, mas muito mais nocivos e menos inclinados a serem retificados.
O principal problema, ele argumenta, é que mesmo sistemas nominalmente capitalistas têm, para o bem e para o mal, elementos de controle estatal. Esses em geral começam com a defesa e a polícia, e prosseguem para sistemas nacionais de transportes, o que gera, no caso americano, uma rede de agências e secretarias em constante expansão. Boa parte da burocracia é implementada com o pretexto de aumentar a “justiça”. Mas, como Seltzer assinala, justiça em geral significa fornecer benefícios presentes usando dívidas que terão que ser pagas por contribuintes no futuro (o que não é muito justo) ou através de regulamentos e subsídios criados por burocratas do governo que depois passam a explorá-los em empregos no setor privado (o que também não é justo).
A Capitalism for the People (Um capitalismo para o povo), de Luigi Zingales, professor da Booth School of Business da Universidade de Chicago, argumenta que boa parte do pessimismo atual em relação ao capitalismo é resultado direto da vasta expansão do estado através de subsídios complexos e regulamentos anticompetitivos que abrem a porta para o tipo de camaradagem citada igualmente por Meltzer.
Quando o governo favorece o setor privado, Zingales argumenta, muitas vezes o faz tomando atitudes que são ‘pró-negócios’ e não ‘pró-mercado’, o que significa fornecer condições favoráveis a instituições particulares em vez das instituições como um todo. Isso distorce o sistema, resultando precisamente no problema de empresas selecionadas obtendo lucros e imponto custos à sociedade que, de acordo com Meltzer, deviam ser o centro do que a regulação deveria ser projetada para evitar.
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