domingo, 24 de junho de 2012

Três poemas

ANTONIO CICERO*
 
 
Desejo 

Só o desejo não passa
e só deseja o que passa
e passo meu tempo inteiro
enfrentando um só problema:
ao menos no meu poema
agarrar o passageiro. 

Valeu 

Vida, valeu.
Não te repetirei jamais. 

Aparências
 
Não sou mais tolo não mais me queixo:
enganassem-me mais desenganassem-me mais
mais rápidas mais vorazes e arrebatadoras
mais volúveis mais voláteis
mais aparecessem para mim e desaparecessem
mais velassem mais desvelassem mais revelassem mais revelassem
mais eu viveria tantas mortes
morreria tantas vidas
jamais me queixaria
jamais. 

SOBRE OS POEMAS Os textos inéditos aqui publicados pertencem à coletânea "Porventura", que Antonio Cicero lança em julho, pela editora Record. 
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 * Filósofo. Poeta. Escritor.
Fonte: Folha on line, 24/06/2012
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