sábado, 28 de abril de 2012

Amor, eterno amor?

Maria Regina Canhos Vicentin *
 
 
Não vou escrever sobre a novela, não. É que, por esses dias, estava
pensando como um grande amor pode se desfazer com o tempo. A maioria das
mulheres e alguns homens crescem românticos, sonhadores, e acima de tudo
crentes naquele jargão: “E viveram felizes para sempre”! Mas,
infelizmente, a vida parece mostrar que não é bem assim; e ultimamente não
tem sido mesmo. A coisa começa bem; às vezes, começa ótima; porém, com o
passar do tempo, desmorona. E não é falta de vontade que dê certo... É
puro desencontro. Desencontro de anseios, de atitudes, de almas. O puzzle
que encaixava bem passou a não encaixar mais. Em algum momento, deixou de
fazer sentido o estar juntos, o compartilhar, o celebrar a oportunidade de
convívio lado a lado.
 
Por que isso acontece? Nem sempre é tão simples de explicar. Mas, arrisco
dizer que alguém parou enquanto o outro continuou. E quando se olha bem,
um está muito adiante e o outro muito aquém do local marcado para o
encontro. Já não existe mais cumplicidade, interesse genuíno pelo bem
estar do par. Pode existir acomodação, preguiça, ou desinteresse mesmo.
Talvez, até exista amor ainda, mas um amor fraterno, desses que não
mobilizam mais atitudes românticas ou apaixonadas. Esfriou. O clima
afetivo esfriou demais. A certeza da acolhida gerou uma segurança tal que
ceifou a iniciativa de atitudes inovadoras, inesperadas, surpreendentes. A
mesmice tomou conta de tudo, inclusive do relacionamento que antes era
acalorado e prazeroso.
 
Que pena! Alguém não manifesta interesse em correr atrás do prejuízo e
“uma andorinha só não faz verão”. Para um relacionamento prosperar e
avançar no tempo, os dois precisam querer e se dedicar para que isso
aconteça. Caso contrário, a pessoa que luta tanto pode vir a se cansar e
desistir. Ela simplesmente “joga a toalha” e o sonho se desfaz sem nenhum
glamour, sem qualquer romantismo. O que era para ser eterno se transforma
em efêmero, passageiro, fugaz. Um risco que todos corremos quando estamos
inseridos num relacionamento a dois. A desproporção de investimento na
relação. Uns dando demais outros apenas recebendo, poupando esforços.
Situação que desgasta e cansa. Cansa a ponto de matar o sentimento bonito
que motivou a união do casal.
 
A vida moderna interfere? Lógico que sim, mas não é tudo. A falta de
motivação para lutar por algo que nos é importante parece interferir muito
mais; o descaso, a indiferença afetiva, o “deixar como está para ver como
é que fica”. Os dias vão passando e de repente, já foi; não existe mais.
Acabou! Aquele sentimento lindo acabou. Ele não foi alimentado ao longo do
relacionamento. Foi esquecido. Parecia ser tão grande que não importava o
que acontecesse sempre estaria ali. Mas, o para sempre, desta vez não
vingou. Aconteceu o pior. Não houve tempo para resgatar o que já estava
perdido há anos. Alguém viveu de olhos e ouvidos fechados, para não ter o
trabalho de adubar, regar e podar aquela plantinha viçosa do início.
Agora, de nada adianta reclamar. Nem sempre se pode ter o tão esperado
“final feliz”, pois a vida não é um “conto de fadas”. Ela é o resultado
daquilo que cultivamos.
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* Escritora (e.mail: contato@mariaregina.com.br) 
Fonte: site da autora: www.mariaregina.com.br
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