sábado, 27 de agosto de 2011

Cantar da alma que goza por conhecer a Deus pela fé



Que sei bem eu a fonte que mana e corre,
mesmo de noite.
Aquela eterna fonte está escondida,
mas eu bem sei onde tem sua guarida,
mesmo de noite.

Sua origem não a sei, pois não a tem,
mas sei que toda a origem dela vem,
mesmo de noite.

Sei que não pode haver coisa tão bela
e que os céus e a terra bebem dela,
mesmo de noite.
Eu sei que nela o fundo não se pode achar
e que ninguém pode nela a vau passar,
mesmo de noite.
Sua claridade nunca é obscurecida
e sei que toda luz dela é nascida,
mesmo de noite.


Sei que tão cautelosas são suas correntes,
que céus e infernos regam, e as gentes,
mesmo de noite.
A corrente que desta vem
é forte e poderosa, eu o sei bem,
mesmo de noite.
A corrente que destas duas procede,
sei que nenhuma delas procede,
mesmo de noite.

Aquela eterna fonte está escondida
neste Pão Vivo para dar-nos vida,
mesmo de noite.
De lá está chamando as criaturas,
que nela se saciam às escuras,
porque é de noite.

Aquela viva fonte que desejo,
neste pão de vida já a vejo,
mesmo de noite.

- Poema de São João da Cruz -
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Fonte: Jornal Online Edição 1158 - 22 a 28 de agosto de 2011

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