domingo, 31 de julho de 2011

Falta olhar para fora, diz chinês


O DIAGNÓSTICO que observadores estrangeiros fazem sobre os "think tanks"( centros de pesquisa econômica e política) brasileiros confirma a noção de que, apesar dos sinais recentes de fortalecimento, eles ainda têm pouca expressão.
O presidente emérito do "think tank" Inter-American Dialogue, Peter Hakim, diz ver "poucos centros com foco em política externa brasileira e temas internacionais". Para ele, os campos "são dominados pelo trabalho do Itamaraty".
Em entrevista à Folha, Zhou Zhiwei, secretário-geral do Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, enxerga os centros de pensamento "mais ativos que antes", porém ainda sem "influência no processo de decisão".

Folha - Como avalia a performance dos "think tanks" brasileiros?
Zhou Zhiwei - Acho que têm crescido muito. Também estão bem mais ativos, têm mais contatos com os dos outros países, e os temas que abordam são mais importantes e urgentes para o Brasil.

Quais são aqueles cujas análises já chamaram a sua atenção?
Gosto de ler pesquisas vinculadas a temas como o Brasil na governança global, as políticas para a África, a posição na mudança climática, a relação sino-brasileira e a integração sul-americana.

Eles contribuem para a relação do país com o mundo e com a China?
Sim, contribuem muito para um conhecimento mútuo entre o Brasil e o mundo. Desempenham um papel de ponte para diálogos de "think tanks" do mundo.

O que devem fazer para pesar mais na discussão de política externa?
Devem discutir mais as posições dos outros países nos assuntos internacionais importantes. Se você conhece o que outros pensam, sabe como cooperar com eles. Além disso, as prioridades da política externa seriam as prioridades dos "think tanks" brasileiros, como integração da América do Sul, a inserção internacional do Brasil.

Qual é a sua avaliação dos "think tanks" na Rússia, na Índia e na África do Sul?
Os "think tanks" dos países em desenvolvimento possuem características semelhantes: crescem muito rápido, querem intercambiar, mas ainda falta influência no processo de decisão do governo.
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Reportagem por NELSON DE SÁ
Fonte: Folha on line, 31/07/2011
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