terça-feira, 29 de março de 2011

Mariá Giuliese - Entrevista

Em que nível de maturidade você está?

A especialista Mariá Giuliese, psicanalista, diretora-executiva da Lens & Minarelli e grande conselheira de presidente e executivos, em O Jogo da Transição – Sua carreira em movimento (Editora Évora) destaca que, assim como é feito um checkup da saúde periodicamente, é preciso analisar em qual momento sua carreira se encontra e quais são as providências recomendadas a se tomar.
Para falar sobre o livro, voltado para o autoconhecimento profissional, Mariá concedeu entrevista exclusiva para os assinantes da HSM Management. Confira!
Em sua obra, você propõe um “trabalho preventivo na saúde da carreira”. Quais as doenças mais comuns e como preveni-las?
As doenças mais comuns são estresse, depressão, angústia, burnout (quando há esgotamentos físico e mental), síndrome de pânico, colite, gastrite e até uso de álcool e drogas. Para prevenir sugiro dois vértices: um do profissional e outro da empresa. No vértice da pessoa, é preciso conhecer seus limites e ter um olhar atento para quando aparecerem os primeiros sinais de alerta. Para a empresa, sugiro construir um ambiente com liderança saudável e regras claras, onde as pessoas possam manifestar seu ponto de vista sempre tratado com respeito.
Como são as sete fases citadas no livro e em qual dessas o profissional se descobre?
Na primeira e segunda infâncias nos construímos como profissionais. Na adolescência nos questionamos e procuramos saber qual tipo de profissionais somos. Em ambas estamos mais propensos a correr riscos. O jovem adulto ainda tem seus lados criança e adolescente. Na maturidade já nos conhecemos bem. No pós-carreira ou mudamos ou saímos do mundo corporativo para prestar serviço de outra maneira. Em cada uma o indivíduo se apropria de seu destino e história e constitui-se como sujeito pessoal e profissional no tempo certo, a sua maneira.
Como o ser humano pode ser mais possibilista e não determinista frente a um mundo corporativo e sociedade tão em constante progresso e demanda por agilidade e cobranças? 
A realidade mais próxima de você é você mesmo. Então se conheça e ajuste sua realidade ao que julga mais adequado e interfira no ambiente. É interessante levar em conta que quando uma pessoa faz terapia ela melhora, e isso também reflete em vantagens na família, no trabalho. Seu mundo se beneficia.
Quando ser bem-sucedido no mundo corporativo sobrepuja as vidas pessoal e social, quer dizer que nem todo bem-sucedido é de fato aquele que tem sucesso?
A pessoa precisa conferir o que tem de fato valor para ela, se consegue manter-se alinhado com seus princípios, interesses e vocações. Mesmo que você tenha muito dinheiro e um cargo de alto-escalão, mas sua vida pessoal, seus relacionamentos sociais e sua saúde estejam prejudicados, não pode se considerar bem-sucedido.
A autocobrança e o medo de não corresponder às expectativas é resultante do próprio funcionário da corporação ou da sociedade como um todo?
De ambos. Construímos dentro de nós mesmos um sensor de autocobrança. Até um tempo atrás o problema estava na pessoa tida como doente e que não conseguia enfrentar as adversidades. Hoje sabe que o meio e a cultura da empresa adoecem os trabalhadores. Otto Kernberg, psiquiatra alemão que cito em meu livro, fala que pessoas com patologias graves, encontradas inseridas em corporação com liderança saudável e objetiva portam-se como pessoas normais - e pessoas consideradas saudáveis, num ambiente de altíssima pressão se comportam como doentes.
O que é mais conveniente: o empregado se adequar à empresa ou esta se adequar ao funcionário?
Nenhuma. É importante que o profissional se conheça melhor e veja dentro daquela empresa que contribuição pode dar, e esta também conheça melhor as pessoas que estão lá dentro e crie condições suficientes para que todos deem o seu melhor. Em tudo genericamente. Não há nada mais cruel pretender que alguém dê algo que não pode ser dado.
Qual é o momento mais adequado para um profissional optar por mudanças em sua carreira?
Quando o profissional se sente desconfortável. Sempre faça sua própria reflexão, siga mais sua intuição e percepção em vez de ligar para discursos externos, confie mais em você. Nunca perca a capacidade de análise crítica mais estruturada do ambiente. 
---------------
FONTE: http://www.hsm.com.br/artigos/280311 

Nenhum comentário:

Postar um comentário