sábado, 26 de fevereiro de 2011

Vida Religiosa e Gestão

"As religiões procuram dar visibilidade a toda
uma série de buscas pessoas e coletivas da humanidade.
 Mas o sagrado ultrapassa
essas formalizações."
(José Manuel Moran - Bases para uma educação inovadora.) 
Nem se quer se começou e os boatos (fazem história) com seus ti-ti-ti já mostram que o tema Gestão é espinhoso e cansou. Criou um ranço de espionagem a 007, sem glamour. Elegeu-se até uma equipe de monitoramento. Agora, as pessoas não eram mais ‘governadas’ mas monitoradas. Assusta? Não, desencanta. A vida religiosa monitorada é a pior vida que se pode ter. São Paulo dizia que os cristãos eram livres, porque Cristo os libertou, hoje, presas de instituições e gestões.
De tempo em tempo, um longo questionário chegava às casas monitoradas e os questionados sentavam para as respostas. Não havia paixão. Um ar viciado cobria o ambiente. O desencanto e o descolorido deixavam as pessoas nubladas e mal humoradas. Eram muitas perguntas. Nem na delegacia do pior distrito das grandes metrópoles se respondiam tantas questões. Onde estava o crime? Precisava-se apurar onde haviam falhas! Humanos não podem falhar é a lei da gestão é se há falhas devem ser convocados iluminados para que levem luz às falhas... A equipe de monitoramento tudo sabia e dava munição para os gestores... Estes atuavam lendo planilhas e respostas de questionários. O virtual imperava e o contato olho no olho não existia...
O que será que os gestores-monitores buscavam com tantas questões? A alma? Ah! Essa a Deus pertence. Mesmo insatisfeitos os questionados respondiam. Passava-se outro tempo e vinham as planilhas (ah! Somos avaliados por planilhas!) com as respostas tabuladas de todas as casas. Mais um ‘sentar-se’ para analisar o que os monitores organizaram. Análises e tabulações das incidências enchiam folhas. Longas e discordantes entre si. E assim a vida seguia. Ninguém perguntava se os questionados eram felizes. A frieza do papel não aquecia a vida. A vida religiosa avançava já não mais para água tranquilas mas para mares azedos e poluídos... Aparecia tabulada e em números. E a vida religiosa não mudava. Produzia números para serem tabulados e serviços que não podiam ser mensurados eram esquecidos...
 Creio que a gestão é ótima para o setor de Economia que vive em busca de lucro e lucro e não na vida cotidiana que precisa ser humana no abraço, na desorganização, no repetir o levantar-se e deitar-se sem monitoramento. A vida não muda mostrando planilhas, a vida muda quando o humano se sente amado e é ajudado a amar. A vida muda quando o pobre entra nas casas e pede alimento. A vida muda quando o Evangelho é vivido na humildade e na paciência. Quando os bens são partilhados de igual para igual. Quando as planilhas e gestores derem lugar ao amor. Como disse Clarice Lispector: “Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata”. A gestão pode matar...

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