domingo, 27 de junho de 2010

O valor mais importante

Anderson Cavalcante*


Uma pesquisa inédita do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), parte da segunda etapa do Relatório de Desenvolvimento Humano no Brasil 2009/2010, que ouviu 4 mil pessoas em mais de 300 municípios, descobriu que o valor mais enaltecido pelo povo brasileiro é o bem-estar dos próximos e da humanidade. Mesmo que isso não lhe pareça uma novidade, já que sempre ouvimos falar da cordialidade do nosso jeito de lidar com a vida, o que surpreende é que ele vem à frente, inclusive, da busca pelo poder, que ficou apenas em décimo lugar.

Na definição dos pesquisadores, o termo valor significa a crença capaz de influenciar pequenas decisões e grandes escolhas. Mais do que isso: cada circunstância da vida define os valores mais importantes para os indivíduos. Por isso, quando os estudiosos do Pnud cruzaram informações, chegaram a perfis bem característicos.

Apenas para citar alguns exemplos, vale dizer que as mulheres e os mais velhos são os mais solidários. Já os mais novos e que têm maior renda familiar cultuam a autopromoção como valor. As mães são mais conservadoras. E as pessoas com formação superior, filhas de mães graduadas, estão mais abertas a mudanças. De fato, a definição de valor não poderia ser outra, mas a felicidade e o amor, que são as bases para que o outro tenha bem estar, passaram a receber a devida valorização.

Afinal de contas, o que é mais importante em nossas vidas? Comprar o carro dos sonhos ou conquistar o amor da pessoa amada? Fazer um piquenique com a família em um parque tranquilo ou ganhar um anel de brilhantes? Reflita e irá descobrir que não existem respostas corretas ou erradas. Na verdade, cada um chegará à sua própria verdade de acordo com valores que norteiam suas ações para alcançar a felicidade. Isso também é válido quando se fala em maneiras para fazer com que a pessoa amada sinta-se bem e realizada dentro de um relacionamento.

Contudo, ao contrário do que muitos pensam, fazer boas ações e priorizar o bem do próximo não significa tempo de dedicação. Pelo contrário, nesses casos estamos falando de qualidade do tempo que dedicamos a uma determinada atividade. Por isso, investir todo o seu salário na compra de um presente de encher os olhos e esvaziar os bolsos, por exemplo, não é sinônimo de que suas intenções vão gerar o resultado esperado. As coisas que realmente importam e que podem fazer você e o outro felizes, no geral, têm custo zero. Sendo didático, pense: quando seu filho te dá um beijo e um abraço apertado é neste momento que você percebe a razão pela qual saí todos os dias bem cedo para trabalhar e enfrenta as exigências de seu chefe?

E quando ampliamos este pensamento, de que pequenas atitudes são as que fazem a diferença, a esfera que engloba toda a sociedade, ou seja, que vai do individual ao coletivo, percebemos que é possível fazer muito mais pelas pessoas. Ao estabelecer metas que ampliam nossas ações para sermos mais solidários, a tendência é que este ideal de fazer o bem ao próximo seja aguçado, já que estaremos bem com nosso estado de espírito. Ou seja, não nos colocamos alheios aos problemas a nossa volta.

Sendo assim, nossa busca pela felicidade e o querer fazer bem ao próximo pode ser mais eficaz quando colocamos isso como metas reais em nossas vidas. Vejo com tristeza as pessoas que se dedicam inteiramente à vida profissional e aos seus problemas particulares e se esquecem de dar atenção à felicidade dos filhos, da família, e dos outros. Isso porque, nada precisa ser tão radical, certo? Traçar metas é o primeiro passo, agir vem logo depois. Assim, praticar a bondade com simplicidade pode fazer com que tenhamos mais oportunidades de colher bons frutos.

Bom é saber que, segundo pesquisa da ONU, o brasileiro agora busca uma vida com mais solidariedade, respeito ao próximo e estabilidade social. Afinal, segundo o estudo, conhecer o que pensamos e como queremos agir é tão importante quanto detalhar os indicadores de educação numa cidade – caminho certo para um país que quer ser e precisa ser mais democrático e social.
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*Anderson Cavalcante é administrador de empresas com ênfase em Marketing e MBC pela University of Florida
Fonte: Correio Popular online, 27/06/2010

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