quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sensorial

Adélia Prado



Obturação, é da amarela que eu ponho.

Pimenta e cravo,

mastigo à boca nua e me regalo.

Amor, tem que falar meu bem,

me dar caixa de música de presente,

conhecer vários tons pra uma palavra só.

Espírito, se for de Deus, eu adoro,

se for de homem, eu testo

com meus seis instrumentos.

Fico gostando ou perdoo.

procuro sol, porque sou bicho de corpo.

Sombra terei depois, a mais fria.


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Por Conceição Freitas
Fonte: Correio Braziliense online, 26/05/2010

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