domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sabedoria do corpo

Técnica baseada na medicina oriental propõe que
o paciente “converse” com o próprio organismo
para identificar
desequilíbrios físicos e psicológicos


Você já conversou com seu fígado hoje? É bem provável que não. A pergunta pode parecer estranha, mas a cada batimento cardíaco, tanto o corpo quanto a mente demonstram o que falta ou está em demasia. No entanto, o corre-corre diário, a alimentação desregrada e as emoções à flor da pele não cedem espaço para uma “conversa” honesta com seus órgãos e emoções. Essa falta de comunicação provoca um desequilíbrio. Para diminuir o número de pessoas “desconectadas” do bem-estar físico, mental e emocional, o médico australiano John Veltheim criou o sistema BodyTalk — a linguagem da saúde (traduzido literalmente para Sistema de Fala Corporal) em meados de 1990.

O tratamento é complementar à medicina tradicional e fundamenta-se em conhecimentos de medicina chinesa, acupuntura e física quântica. Ensinado em 34 países, chegou ao Brasil somente em 2003. Brasília começou a formar seus profissionais há pouco mais de um ano. A psicóloga Juliana Lara Resende da Gama foi uma das pioneiras.

No consultório, ela atende uma média de 40 pessoas por semana. As queixas dos pacientes são diversas: dores crônicas, fobias, estresse. Cansada de constantes crises alérgicas e de um sério problema de endometriose, a fisioterapeuta Ana Cristina Neres, 28 anos, fez uma sessão de BodyTalk, em novembro do ano passado.

“Na primeira sessão, tive uma reação esquisita. Tudo que foi trabalhado na consulta desencadeou reações alérgicas e cólicas por três dias. Foi aí que a terapeuta me pediu calma, até porque esse período era de desintoxicação do organismo. Na segunda sessão, foi melhor. Hoje, depois de cinco sessões, pela primeira vez não senti cólica durante a menstruação e a alergia amenizou. As pessoas à minha volta observaram mudanças de comportamento que eu não havia notado”, relata a fisioterapeuta.

Na sessão, Juliana “pergunta” ao corpo do paciente — seguindo um protocolo científico — qual o problema. “Por meio de biofeedback neuromuscular (um teste realizado por toques com a ponta dos dedos) feito na área do pulso, o BodyTalk possibilita o acesso à sabedoria inata do corpo. Permite-se assim que as ligações necessárias dentro do complexo corpo-mente sejam trazidas à consciência, após leves toques realizados na cabeça e no esterno do paciente”, explica Juliana. Em entrevista à Revista, a terapeuta tira dúvidas e diz que o sistema pode beneficiar até os mais céticos.


Entrevista » Juliana Lara da Gama*

A partir de que idade pode-se fazer uma sessão de BodyTalk?
Desde dentro da barriga da mãe. Isso porque não se trata de um sistema invasivo. Podemos fazer uma sessão no bebê ainda no útero. E também no idoso ou no paciente que está muito fraco. Mesmo os mais céticos se beneficiam.

Depois de quanto tempo o paciente nota os efeitos?
Depende. Mesmo que cada um tenha um problema diferente, 95% dos meus pacientes falam que depois da primeira sessão já estão se sentindo melhor. O paciente percebe um resultado positivo, senão no sintoma primário que o trouxe à clínica, com a sensação de bem-estar: leveza física e mental, melhor sono, funcionamento do sistema digestivo, alegria a que não estava acostumado. Tem gente que volta a fazer uma atividade física, começa a se alimentar melhor… Como se o entusiasmo voltasse para a pessoa e ela começasse a fazer escolhas acertadas para a saúde. No caso, as sessões do Body Talk não são semanais. Elas têm um intervalo maior para o corpo se recuperar. Tem gente que volta duas, três, quatro semanas depois. O corpo decide.

Como é o cenário de BodyTalk no Brasil?
É comum encontrar profissionais no país. Aqui, ele é ensinado desde 2003, no Rio de Janeiro. Vários profissionais de diversas áreas da saúde trabalham com o sistema. Em Brasília, temos bons profissionais, acredito que 15 terapeutas certificados desde que o BodyTalk chegou, em 2009. O primeiro curso de formação em Brasília foi em março do ano passado, quando o criador do sistema, John Veltheim, veio à cidade e deu três palestras. Cerca de 300 pessoas participa-ram. Mais de 100 pessoas foram treinadas no módulo básico de funcionamento. Três hospitais de Brasília adotaram o BodyTalk em ambulatório. A resposta é excelente. Essa é uma forma de medicina complementar, para cuidar da saúde e diminuir a dependência de médicos.
» Psicóloga com formação em BodyTalk


Em que casos o BodyTalk pode ajudar?

Males físicos:

» alergias;
» intolerância e intoxicações;
» dores crônicas;
» artrite;
» contaminações por vírus, bactérias, fungos ou parasitas;
» processos inflamatórios;
» alterações dos sistemas endócrino, digestivo e imunológico;
» lesões esportivas.

Males emocionais:

» hiperatividade e deficit de atenção;
» ansiedade;
» fadiga crônica;
» estresse;
» depressão;
» medos e fobias.
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Reportagem: MARIA JÚLIA LLEDÓ
FONTE: Revista Correio Braziliense online, 21/02/2010

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