sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Arte feita com facão


Agricultores esculpem plantas ornamentais para agradar
ao mercado europeu

As plantas pareciam elegantes mesmo em seu estado natural, com as folhas lanceoladas agitando-se levemente à brisa da tarde, apoiadas em caules que se dilatavam logo acima do solo.


Um agricultor em El Arbolito poda com seu facão
 uma pata-de-elefante.

Mas os membros da comunidade que cultivavam esse campo de patas-de-elefante (Beaucarnea guatemalensis) de dois anos de idade usavam seus facões como ferramentas de escultura para melhorar a natureza. Pelo menos na Holanda, o destino final das plantas, uma pata-de-elefante correta precisa ter um tronco. Os agricultores atendiam a esse desejo podando delicadamente as folhas inferiores das plantas. Às vezes, cortavam o talo por completo, para estimular a planta a gerar novos brotos, tornando-se uma mercadoria ainda mais valiosa.

O campo, que fica na comunidade de El Arbolito, no departamento de Petén, no norte da Guatemala, seria normalmente usado para plantações de milho e feijão. Os produtos dessas culturas básicas tradicionais são colhidos anualmente e, a cada ano, os agricultores queimam os campos para preparar a terra para a semeadura. Mas o sistema agrícola habitual desgasta rapidamente o solo, deixando-o sujeito à erosão. Em contraste, a pata-de-elefante tem um ciclo de vida mais longo, além de produzir mais lucros.

O projeto de plantas ornamentais está sendo executado pela Associação Centro Maya, uma organização não-governamental privada, como parte do Programa de Desenvolvimento Sustentável de Petén, que conta com financiamento do BID (ver à direita links para artigos relacionados com este assunto). Além de possibilitar um melhor uso da terra, esse novo produto de cultivo também proporciona ganhos que ajudam a convencer os agricultores a permanecer onde estão e não avançar sobre as florestas protegidas e sítios arqueológicos da região.

As plantas em si são nativas da parte leste de Petén. De acordo com Francisco Jacinto López, presidente da Associação Centro Maya, um produtor de grande escala no sul do país já está exportando plantas para a Holanda e assegurou aos agricultores de El Arbolito que comprará e exportará todas as plantas que eles puderem produzir.

Ao contrário da maioria das outras culturas, essas plantas podem ser colhidas quando os agricultores quiserem, ou seja, quando o mercado estiver favorável. Quanto maiores elas ficarem – até um determinado ponto – mais alto será seu preço. Algumas das plantas atuais já estão prontas para ser colhidas e, segundo López, o campo inteiro poderá ser aproveitado para venda até o final de 2007.
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Reportagem: Roger Hamiton, Peten, Guatemala
Fonte: BIDAMÉRICA - A revista do Banco Interamericano de Desenvolvimento - 19/02/2010

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