domingo, 24 de janeiro de 2010

O berço das marcas dos carros (I)

 Márcio Cotrim


A palavra automóvel vem do grego autos, por si próprio, e do latim mobilis, móvel. Veículo motorizado, com quatro rodas, destinado ao transporte de passageiros ou mercadorias, tem sido bênção e provação no mundo moderno. Quem mora em São Paulo que o diga...
No processo de criação de um automóvel, é delicada a escolha do nome dele, importante fator mercadológico para seu êxito ou fracasso. Depois de meses, até anos de pesquisa, só alguns conseguem acertar na mosca.
A maioria está vinculada, de alguma forma, a desempenho, beleza, facilidade de memorização, potência, referência a nome historicamente importante, prestígio da fábrica no mercado, perspectiva de seu valor de revenda e outros itens também relevantes.
Dito isto, que tal conhecer o berço de algumas das marcas de carros que rodam pelo Brasil ?

ASTRA (GM) – A estratégia da GM foi escolher um nome ligado à Astrologia para associar o carro aos conceitos de alta tecnologia (corrida espacial) e apurada estética (a beleza) do Universo. Pretensão e água benta...

APOLO (Volkswagen) – Divindade que, nas mitologias grega, romana e etrusca, era identificada como o deus do Sol, da beleza e da harmonia. Depois de Zeus, o mais influente e venerado dos deuses da Antiguidade clássica. Estimulante referência para os compradores da marca...

AUDI (Audi) – Suas quatro argolas representam as marcas alemãs que formaram a Auto Union, fundada em 1947. São elas : Horch, Audi, Wanderer e DKW. Depois, a empresa passou a chamar-se Audi AG, com sede em Nekarsulm, na Alemanha. Reunidas, as argolas transmitem idéia de sinergia, até hoje conceito cultivado pela fábrica. Nada mais justo...

AZERA (Hyundai) – Misterioso nome, o desse sofisticado carro coreano. Ainda mais estranho é o berço de seu nome. Vem de Adzera, palavra de uma língua falada na Papua Nova Guiné. Seu significado, quem sabe?

BMW (BMW) – A marca, que representa uma hélice, nas cores azul e preta, foi criada depois que os irmãos Karl Rath e Gustav Otto conseguiram permissão do governo alemão para produzir motores de avião, em 1917. O primeiro carro a ter o símbolo da marca foi lançado em 1928. As letras BMW são a sigla de Bayerische Motoren Werk – em português, Fábrica de Motores da Bavária. Até hoje, tanto é seu o prestígio que muita gente suspira só em pensar ter um carro desses...

BORA (Volkswagen) – Nome de um vento que sopra no sul do mar Adriático, na Dalmácia, boa inspiração para qualquer viagem...

BRASÍLIA (Volkswagen) – Marca adotada em homenagem à nova capital federal, simbolizando modernidade e beleza, bem coerente com os tempos frenéticos do governo JK, quando, segundo Nelson Rodrigues, o brasileiro,orgulhoso de seu país, deixou de ter complexo de vira-lata...

CELTA (GM) – Nome de um povo que, dividido em tribos de indivíduos fortes e altos, vivia no noroeste da Europa no século 6 antes de Cristo e se dedicava, além da habitual prática da guerra, ao desenvolvimento artístico, principalmente o artesanato. Herança milenar absorvida pela modernidade...

CITROËN (Peugeot) – Há duas explicações para o berço dessa marca. A primeira diz que ela é o “deux chevron”, que simboliza a engrenagem bi- helicoidal criada pelo engenheiro André Citroën, fundador da empresa francesa. A outra remeteria a uma homenagem ao filho dele. O rapaz lutou com a patente de cabo na Primeira Guerra Mundial e morreu no conflito. O capô de qualquer Citroën exibe a divisa do posto militar de cabo – duas letras V invertidas – carinhosa lembrança que a família tem procurado perenizar até nossos dias. Justo carinho...

CLIO (Renault) – Na mitologia grega, é a musa da História e da criatividade, aquela que celebra as melhores realizações humanas e é considerada a inventora da guitarra, tanto que, em algumas de suas estátuas, ela traz esse instrumento em uma das mãos, e na outra um plectro, a palheta. Dotado de formas bem criativas, a fábrica decidiu mostrar o quanto o carro é ligado a consumidores mais exigentes, transmitindo uma imagem de harmonia clássica. O veículo procura fazer jus ao berço do seu nome...

Fonte: Correio Braziliense online - Coluna: O berço da Palavra, 24/01/2010

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