sábado, 21 de novembro de 2009

Uma agência que quer dar só boas notícias


Por Engel Paschoal

Uma das primeiras coisas que aprendi quando comecei como jornalista é que não existe notícia boa ou ruim. Só existe notícia. Mas, para muita gente hoje em dia o substantivo "notícia" é sempre acompanhado por um dos dois adjetivos. A notícia é boa quando favorece os interesses da pessoa e ruim, em caso contrário. Além desses dois conceitos que são, infelizmente, os mais perigosos, o "boa" e "ruim" se traduzem, aos olhos da maioria das pessoas, numa visão mais ingênua dos fatos. A notícia é ruim quando trata de desgraças, corrupção, fatos, enfim, que prejudicam a grande maioria das pessoas. É boa quando fala de coisas positivas, alegres.

Se não estou enganado, anos atrás um dos maiores jornais do Brasil chegou a prometer que daria ao menos uma notícia boa por dia, nesse sentido de coisas positivas, com chamada na primeira página. A experiência não durou um mês.

The New York Times, considerado um dos mais importantes jornais do mundo, tem como slogan a frase "All the news that's fit to print" (todas as notícias dignas de serem publicadas). Fica implícito o direito do jornal em publicar o que considera ser notícia e a obrigação de publicar apenas o que é de interesse da maioria.

Agência da Boa Notícia

A Agência da Boa Notícia (http://www.boanoticia.org.br/ ) é uma ONG criada em Fortaleza, CE, em 2007. A idéia surgiu em 2006, quando um grupo de amigos começou a refletir sobre a necessidade de paz na sociedade e a vontade de dar e receber boas notícias. No ano seguinte, a ABN foi oficialmente fundada por uma equipe multidisciplinar, composta por jornalistas, empresários, advogados e consultores de empresas.

"Todos com um propósito comum: a ação positiva, promotora da paz nos meios de comunicação e nas instituições formadoras dos profissionais de imprensa. Nesse sentido, a Agência da Boa Notícia busca atuar em parceria com outras ONGs, instituições de ensino, empresas públicas e privadas, associações de classe e demais entidades cujo foco de interesse seja o desenvolvimento de uma cultura da paz e a formação de uma sociedade mais justa e pacífica", segundo o seu presidente, o jornalista e professor Francisco Souto Paulino.

Cultura da paz

A ABN definiu como missão "Estimular a cultura da paz através da comunicação para fortalecer, na notícia, o compromisso com a valorização da vida".

Para o presidente da ABN, "Como todo empreendimento, a agência também tem uma visão de negócio, que se estabelece sob perspectivas diferentes, já que os resultados esperados são bem mais valiosos do que o 'lucro' em dinheiro de uma organização comercial comum, especialmente na nossa era pós-industrial. O lucro de uma ONG se mede a partir dos bens imateriais, embora seja mensurável, a partir de sua atuação a médio prazo, através do espaço físico com a cultura da paz na mídia".

A ABN tem um informativo eletrônico semanal que é enviado aos profissionais de imprensa com sugestões de pauta e boas notícias da semana. "O objetivo é sugerir novas pautas, referentes a ações positivas que foram enviadas para a ABN ou que conseguimos apurar através de nossa equipe, diretores, sócios e colaboradores".

Desde 2008, a ABN promove o Prêmio Gandhi de Comunicação, que além da disseminação da cultura da paz, busca "fortalecer a relação com os profissionais de comunicação, destacar os trabalhos que mais contribuem para a cultura da paz e chamar atenção da sociedade para a importância do tema. A meta é que o Prêmio Gandhi seja uma referência na imprensa nacional".

A ABN também divulga cursos e seminários sobre a cultura da paz e que "permitam o intercâmbio de experiências entre profissionais de comunicação com as demais instituições que trabalham diretamente com paz e comunicação". Ela faz ainda pesquisas estatísticas sobre a utilização dos espaços da mídia.

*Com Lucila Cano.
*Engel Paschoal Jornalista é especialista em temas relacionados ao 3º setor.
FONTE: UOL Educação

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