quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O que amo quando amo DEUS?

Pergunta-se o teólogo:
“O que amo quando amo Deus?
Uma tarde, li nas Confissões de Agostinho, livro X 6, 8:
“Mas, o que amo quando te amo? Não a beleza de um corpo, nem a atração da vida, nem o esplendor da luz, amiga destes meus olhos, não as doces melodias de uma infinita variedade de cantos, nem o suave odor de flores, ungüentos e aromas; não o maná e o mel, nem os membros gratos aos amplexos da carne; não é isto que amo quando amo o meu Deus. Existe, no entanto, certa luz e certa voz, certo perfume e certo alimento e certo amplexo que amo quando amo o meu Deus: a luz, a voz, o perfume, o alimento, o amplexo do homem interior que está em mim, onde minha alma é inundada pela luz que o espaço não contém, onde há uma música que o tempo não segura, onde há um perfume que o vento não dispersa, onde há um sabor que a voracidade não extingue, onde há uma união que a saciedade não alenta. É isto que eu amo quando amo o meu Deus”.

Jurgen Moltmann - E naquela noite lhe respondi:

Quando amo Deus, amo a beleza dos corpos, o ritmo dos movimentos, o esplendor dos olhos, os abraços, os sentimentos, os perfumes, os tons desta colorida criação. Tudo eu gostaria de abraçar, quando te amo, meu Deus, porque te amo com todos os meus sentidos nas criaturas do teu amor. Tu me atendes em todas as coisas que eu encontro. Por longo tempo te procurei dentro de mim, me escondi na concha de minha alma e me defendi com a couraça da não aproximação; mas, tu estavas fora de mim e me atraíste pela estreiteza do meu coração no amplo espaço do amor pela vida. Assim saí de mim mesmo, encontrei minha alma nos meus sentidos e descobri aquilo que mais me pertence nos outros. A experiência de Deus aprofunda a experiência da vida e não a reduz, porque desperta a força de dizer incondicionadamente sim à vida. Quanto mais amo Deus, mais estou feliz de existir; mais existo plena e diretamente, mais percebo o Deus vivo, a fonte inexaurível da vida e a vitalidade eterna” (422-423).
Excerto do texto: Jurgen Moltmann: uma teologia amante da vida. O Italiano ROSINO GIBELLINI analisa a obra do teólogo alemão Jurgen Moltmann, a partir de recente biografia publicada na Itália. Postado no IHU/Unisinos, 06/08/2009

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