domingo, 9 de agosto de 2009

Memórias de filho

Um homem de olhos azuis.
Longilíneo e magro.
Fazia longas caminhadas.
Era muito conhecido pela alegria e atenção que devotava aos outros. Gostava de cantar, principalmente músicas italianas.
Muitas vezes, ele e suas irmãs, em festas criavam uma roda e o canto era onde sentiam-se livres e inebriados...
Também, ele era um contador de histórias do tempo de quartel e citava, com certo orgulho, o nome de coronéis, generais. Sempre dizia que prestou guarda no tempo da Guerra. A mãe até falava que quando o Pai ficava nervoso é porque ele havia sido vacinado para ser valente na Guerra e esta valentia aparecia quando ele ficava bravo. Creio, que nada disso. Era o vigor do italiano que aflorava nele. Quem teve pai italiano deve conhecer bem estes sintomas.
Demorei para entender o meu pai. Isso só aconteceu, numa manhã gelada. A geada branca cobria o verde das ruas e sai para caminhar com o meu pai. Coisa que até então nunca havia feito.
Na caminhada despertou em mim um sentimento, talvez, pela primeira vez, depois de adulto: aquele homem que caminhava firme e sempre rindo com muitos causos para contar, ao meu lado, foi aquele que cuidou de mim e me amou primeiro.
Não sentia o frio, sentia a presença amiga e quente do meu pai, ao meu lado. Era a mão que sempre esteve pronta a me ajudar que eu reencontrava.
Ali eu soube que amava o meu PAI.
E, hoje, no dia dos PAIs, ele ressuscita como memória.
Sigo amando-o. Ele vive!

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