segunda-feira, 27 de abril de 2009

O fenômeno da mudança de religião

Pe. Juan Botasso*
Como deve ser interpretado o fato de que, na América Latina, católicos abandonam sua religião e mudam para outras igrejas?
Pe. Juan - Em minha avaliação, a Igreja Católica, na maioria das vezes, está perdendo fiéis porque se trata de pessoas que não possuíam uma real pertença e participação na comunidade católica. É de se duvidar que realmente estivessem dentro dela. A ligação fraca se deve ao fator cultural, isto é, por ser católicos apenas por tradição familiar, mas sem convicção profunda. Agora, com a explosão demográfica e por causa da falta de assistência religiosa por parte do clero, que é em número insuficiente, muitos católicos se sentem pouco motivados a permanecer em sua Igreja. Estes também acabam dando ouvidos a críticas contra sua religião, muitas vezes atraídos por promessas e acolhendo outras propostas: assim, vão deixando o catolicismo e aderindo a outros grupos cristãos e, às vezes, não cristãos.
Também conflitos ou escândalos que acontecem na comunidade desanimam aqueles que são católicos, influenciando-os para uma "troca de ambiente".
Nos últimos anos, por exemplo, 1% da população brasileira passa por essa mudança. O Brasil tem 180 milhões de habitantes: a cada ano, é considerável o número de um milhão e oitocentas pessoas que procuram outras igrejas.
A própria Igreja Católica está acompanhado este fato: constata tal situação e percebe que não consegue segurar entre suas fileiras tantas pessoas que migram para outra religião. A mudança fica determinada, me parece, pelo relacionamento tênue e pela falta de sintonia com a Igreja de origem.
A razão da desistência de muitos católicos reside, então, no fato de não se sentiram membros de seu grupo religioso?
Pe. Juan - É isso mesmo! Nós últimos anos, tivemos o fenômeno de uma urbanização intensa: grandes concentrações humanas se formaram nas periferias das cidades.
A igreja não estava preparada para dar atendimento a essa população e se depara com uma nova situação. Há demora em instalar uma nova paróquia, às vezes por falta de padres. Por outro lado, a paróquia é uma estrutura de atendimento apropriada para as áreas rurais. É bom lembrar como surgiu: antigamente, o bispo que atendia às cidades achava por bem enviar o clero e seus representantes para as aldeias do interior e ali estabelecer as paróquias. Porém, ocorreu uma transformação enorme, pois com a urbanização temos metrópoles com bairros populosos. Procura-se a Igreja para realizar batizados, enterros, missas de sétimo dia, ou casamento. A paróquia tornou-se um centro administrativo e um lugar de sacramentos. Muitas vezes, as visitas missionárias e o contato pessoal não acontecem; com isso, o relacionamento dos fiéis com a comunidade e seus responsáveis é formal e reduzido.
(...)
Em resumo, qual é o fator principal para conscientizar nossos católicos?
Pe. Juan - Tem de haver uma profunda experiência de encontro com Jesus Cristo. Aí nasce a alegria da fé que é contagiante. Eles têm de se sentirem amados por Deus, chamados por Jesus Cristo e incumbidos da missão de testemunhar a vida a ser irradiada aos outros.
Precisamos estar bem enraizados; só assim, com pesoas imbuídas do compromisso com Deus e os irmãos, não teremos a surpresa de ver fiéis abandonando.
Quando a convicção tem profundidade, a educação da fé se torna consistente e verdadeira. Este é então nosso desafio: formar pessoas conscientes de seu seguimento a Cristo e cristãos missionários para ser "sal da terra e luz do mundo!".
*Pe. Juan Botasso é professor de antropologia na Universidade Salesiana de Quito (Equador).
Parte da Reportagem/Entrevista do O Mensageiro de Santo Antônio, Portugal, ed.n.3 - abril de 2009, pp.24/25.

Um comentário:

  1. MUDANÇA DE LADO.

    Como pode isso estar acontecendo? Conheço pessoas que foram católicos desde sua infância, eram fervorosos devotos de Nossa Senhora Aparecida e de todos os santos católicos. Seguiram esta crença por mais de quarenta anos. Repentinamente mudaram de religião, aquelas imagens de santos que eles adoraram por mais de quatro décadas perdem seus valores, são quebradas e jogadas no lixo. Engraçado aquilo que era sagrado por muitos e muitos anos, repentinamente não tem mais valor nenhum.
    Lá no passado, á quarenta anos atrás, seus país e depois a igreja, lhes ensinaram que santos existiam e faziam até milagres, lhes disseram isso sem mostrarem nenhuma prova da veracidade dos
    fatos, apenas deviam acreditar sem questionar, agora quarenta anos depois, outra seita religiosa lhes fala que Nossa Senhora Aparecida não existe e que santo não tem valor nenhum, dizendo isso também sem apresentar nenhuma prova da veracidade dos fatos, estas pessoas imediatamente sem contestar acreditam, pasmem, estes santos que eles acreditaram por mais de quarenta anos, em muitas ocasiões segundo relatos feitos por eles, Nossa Senhora aparecida e também os diversos santos chegaram até a agraciá-los com alguns tipos de milagres.
    Repentinamente, estes santos e Nossa Senhora Aparecida não representam mais nada e vão diretos para o lixo. Será que todos estão enlouquecendo ou eu sou um cego, ou meu grau de inteligência é medíocre e não consigo ver as coisas claramente.

    Esta Crônicas foi extraída do livro, Crônicas indagações e teorias. Autor Paulo Luiz Mendonça. Editora Scortecci.

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